quinta-feira, 4 de junho de 2015

Tradição e modernidade

Uma máquina do tempo. A tradição transporta pedaços do passado para o presente. A modernidade, reflexo do pensamento contemporâneo, ambiciona vislumbrar o futuro. Antever hoje a tendência do amanhã. Na tradição repercute-se o saber cumulativo de gerações, o diamante lapidado da experiência, a sapiência e mestria de uma cultura. O amadurecimento do tempo. Testemunhar legado para as gerações vindouras. Nas tradições reúne-se a mais genuína expressão coletiva de um povo. Pelas tradições realça-se a originalidade daquele sítio, até aquele momento. Nunca a Portugalidade esteve tão na moda. Nunca antes o nosso artesanato foi tão cobiçado pelos outros. A tradição reinventou-se. Há inovação na tradição. Uma antítese na expressão em si. Mas redesenhar objetos, adaptar festividades, reanimar "linces ibéricos" quase extintos é inovação. É cumprir a mais básica lei de mercado. Obedecer a uma necessidade vital do mercado. Só há tradições se houver público, artesãos e utilidade. Os naprons de corchet a forrar os troncos das árvores em Santa Maria da Feira, os barcos rabelo a motor a dar rio aos turistas, as encenadas feiras medievais a recriar o mais épico campo comunitário, a gastronomia tradicional que nunca cansa. Nas carnes, no bacalhau, nos doces. Os conventuais sobretudo. Que explosão de prazer em todos e cada uma dessas iguarias de culinária dos nossos ancestrais artesãos da gula. Na modernidade impera também a tradição. A expressão maximizada do ser humano, do seu papel no mundo vivido no presente. Modernidade é disrupção. É lutar arduamente para afirmar algo novo em contraponto com o status quo. Os museus de arte contemporânea desafiam-se repetidamente. Apresentam-se provocadores a cada nova instalação. Insultam os seus visitantes com a estranha estupidez arquitetada pelo autor contemporâneo. Sempre que posso não perco uma exposição. Mais que tudo porque me ativa o pensamento. A leitura do mundo por um prisma raramente imaginado antes. A oportunidade de usufruir de uma outra perspetiva. Na música a modernidade energia. Reinventa-se e traz sonoridades novas, orquestradas por arranjos inéditos. A tradição já foi modernidade. A modernidade bebe tradição. 


1 comentário:

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