segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

7 Caminhadas

Zona calcorreada.

Com a chegada do novo ano temos já plano(s) para todos os 7 próximos fins-de-semana, até à véspera da partida. O objectivo é treinar, treinar, treinar... habituar o corpo a um ritmo pessoal de progressão no terreno, mais ou menos lento, mas sempre confortável. O plano é fazer 7 caminhadas. Uma por fim-de-semana, de dificuldade média/alta, de 10 a 15 Km de distância ou com 6h de trilho consecutivo, pausas incuídas. É este o mote.

Caminhada 01
Serra da Estrela
06.Jan 2007
Dando início à sequência das 7 caminhadas planeadas, estamos este fim-de-semana na Serra da Estrela, para a nossa “Caminhada 01”. Desta feita, com um bónus de treino em altitude. Não é muito, mas é o melhor que conseguimos por terras Lusas continentais. Começamos na Lagoa Comprida (1580m) às 10H45 da manhã (não muito cedo) o Percurso 17 do livro “Portugal – 30 itinerários a pé”, Manuel Antunes e Jorge Nunes, com destino final o tal ponto mais alto de Portugal continental: a Torre (1993m). O dia está formidável, aliás, espantosamente limpo para um dia de Janeiro como este. O horizonte perde-se nas serras e povoações vizinhas, ao longe vêm-se dois focos de fumo, o céu está com um azul estupendo, polido pelo frio da noite anterior. Os primeiros passos são para a percorrer a orla da barragem da Lagoa Comprida, devagar, a saborear cada fotograma da paisagem panorâmica que nos rodeia. Terminado o percurso pela infraestrutura que o homem ergueu há mais de 100 anos naquelas inóspita paragens, rumamos monte adentro, na direcção SE, sem trilho visível, palmilhando cada metro de terreno com a curiosidade de ver o que está para lá daquela rocha, daquele arbusto ou daquele riacho à primeira vista instransponível. Vegetação alta significa: não é por aqui! A preocupação é sempre mantermo-nos na mesma curva de nível até estarmos na perpendicular da Lagoa Escura e então sim, girar 90º na direcção Sul para a Torre. A progressão no terreno é muito lenta, mas o treino está como desejado. Cruzamos charcos gelados, almofadas de ervas, colchões de neve, escadas de granito e muito zimbro (bagas) pelo caminho. O ponto mais sério do dia, foi um passo de rocha, aparentemente simples, mas vidrado de gelo. Sem cordas, foi passado a conta-gotas, com bastante apreensão e cuidado com muito pouco atrito e moderada pendente na direcção da água. O almoço (volante) por volta das 13h30 foi retemperante, com a Serra só para nós. Depois da pausa, finalmente encontramos o trilho do Manuel Antunes. Está pontualmente marcado com montinhos de pedra ao longo da paisagem também ela pedregosa, mas imponente. O sol não nos larga, o vento não se sente e o difícil é manter o gorro e as luvas no corpo. A progressão aumentou de ritmo e agora sim estamos a andar bem. Este percurso lindíssimo, com um cenário de montanha cru, mas tão exuberante, leva-nos à N339. Os ânimos elevam-se e os 1700m quase que deixam de se sentir nas respirações. Falta uma descida aos Covões. Eu e o Pedro vamos lá; a Litus, a mãe e os meus pais seguem estrada acima ambos os grupos com destino à Torre.
Com corta-mato assumido, desço então em direcção ao Covão do Boieiro, passando antes pelo Chafariz dos Reis para atestar as garrafas de água (já vazias). O C. Boieiro não tem lago, está seco, e custa a perceber que é aquele o que está na carta. Depois vamos já na direcção do Covão do Meio. A albufeira e o lugar recôndido não deixam espaço para dúvidas. Este Portugal é lindo! Há um caminho claro que nos atira para o anfiteatro sobre a albufeira do Covão do Meio. Mas, pouco depois, o Pedro desiquilibra-se, põe um pé na água, e outro e ainda mais perna e molha-se quase até à cintura. "Que m*+#%&". A água está gélida, temos que chegar rapidamente à Torre. “Vamos acelerar!” Temos ainda 1h30 de sol, antes do pôr-sol, mas o frio é terrível e desanima qualquer um, até os mais valentes. A sorte é que o percurso, por aqui, tem sim um trilho bem marcado e claro, sem dúvidas que se faz, praticamente sem mapa ou GPS. Passamos então a passo acelerado (bpm entre
150 e 165) pelo Covão das Quelhas, aparentemente todo gelado e então sim, recta final, 1 Km, já com uma das cúpulas da torre à vista. Cerca das 16h30 estamos nós, na Torre, todos juntos, com boleia conseguida no momento para baixo.

Distância: 13,3 Km
Duração: 6h
Desnível vencido: 413m
Subida acumulada: 755m
"Caminhada 01" done.


Legenda:
1. Cão Serra da Estrela, guardião da Lagoa Comprida.
2. Trilho ao largo da Lagoa Comprida.
3. Charco gelado com cerca de 10 cm espessura de gelo.
4. Pausa do almoço.
5. Planalto da Estrela a norte da N339.
6. Altimetria do percurso.

***

Próxima caminhada: "Caminhada 02 - Serra da Freita", 13.Jan 2007. Quem vem connosco?

6 comentários:

Gato disse...

se me deixarem eu vou convosco à Freita! :))

PV disse...

Olha, olha... o nosso guia a fazer-se difícil!!Não só deixamos como estamos dependentes do verdadeiro conhecedor das encostas e trilhos da Freita, para concretizar tão nobre actividade.
Já agora, podias levantar a pontinha do véu e desvendar alguns pormenores da respectiva caminhada, tipo: Kms, duração prevista (h), subida acumulada prevista, hora aconselhada de partida?

Gato disse...

Kms: uns quantos
Duração prevista: algumas horas
Subida acumulada: upa upa
Hora aconselhada de partida: cedo

Agora a sério:
Temos é de combinar uma hora de saída.
Já pensei no local de partida: cá em baixo numa localidade que se chama Porto Novo (acho eu) - no concelho de Vale de Cambra (acho eu).
Já sei qual é o ponto de chegada: lá em cima na Sra. da Laje.

A distância entre os 2 pontos é relativamente curta. Depois consoante o tempo disponível e a vontade dos participantes podemos ir visitar pontos de interesse como o S. Pedro Velho (um dos pontos mais altos da serra) ou a Frecha da Mizarela.

Se o tempo estiver bom as paisagens serão fantásticas. Nesta caminhada vou mostrar-vos as partes mais conhecidas da Freita. Se gostarem depois pode-se combinar umas caminhadas na Freita profunda: Drave, trilho dos Incas, Minas das Chãs, caminho do carteiro, aldeia da Pena, etc...

PV disse...

Perfeito, faça chuva ou faça sol, estamos lá. Com sol, alinho na ida a um dos pontos mais altos da Serra, talvez S. Pedro Velho, porque já conheço a Frecha, mas também é uma boa opção, talvez com a passagem nas Pedras parideiras, que ainda não sei onde é... Mas depois no dia vemos então melhor os detalhes. Eu voto em arrancarmos às 8h30/9h00 de Porto Novo, para chegarmos cedinho também.

pedragrega disse...

Eu tb vou :D Posso?

PV disse...

Neste momento estamos um grupo de 4 pessoas. Está combinado às 9h em Oliveira de Azeméis para depois arrancarmos (de carro) para o início do trilho. A ideia é almoçar pelo caminho e terminar a +/- 1h do pôr-do-sol (16h30/17h). Vai estar bom tempo, por isso, as fotos, na 2ª feira prometem...