terça-feira, 6 de novembro de 2012

Firmamento

Gosto, gosto do firmamento. Esta abóbada celeste que nos enquadra o infinito. Esta tela que nos configura o horizonte distante. O céu. O firmamento foi no passado, é hoje, e sempre será uma inesgotável fonte de inspiração humana. De dia o firmamento alimenta-nos a a meteorologia mais próxima, o tempo que vai fazer nesse instante, ou dali a dias, a intensidade dos raios solares fonte de vitamina D, a quantidade de chuva para o quintal, as rajadas de vento para os velhos moínhos, o número de horas diurnas para acertar o nosso ciclo circadiano. De dia gosto de olhar para as nuvens, imaginar padrões, reconhecer formas, tentar identificá-las, observar-lhes a pressa, admirar a sua transformação. Mas é à noite que o firmamento se revela em todo o seu esplendor. Um espetáculo colossal, quase todas as noites, gratuito e para todas as idades. A astronomia amadora, esse passatempo dedicado à contemplação do firmamento, é um misto de ciência, romance, descoberta e partilha. Sempre que tenho oportunidade, sempre que as estrelas brilham no céu olho para elas e cumprimento-as, trato-as pelo nome. Sinto-me confortável por reencontrá-las sempre lá, a dançar ao sabor das horas, dos meses, das estações. No firmamento noturno a vista perde-se, precisamos de um mapa. Uma localização dos objetos que ali estão, naquele momento disponíveis e ao alcance. A olho nú centenas. Estrelas, enxames, galáxias, nebulosas, planetas e a nossa Lua. Com binóculos a profundidade de campo aumenta e o alcance é maior. Com telescópio toca-se ainda mais fundo. Nos confins recôndidos da tela. É um gozo ver ao pormenor as crateras da Lua, desvendar a cor avermelhada de Marte, identificar as luas de Júpiter, explorar a luz difusa da galáxia de andrómeda, admirar a subtileza da nebulosa de orionte. Mas no firmamento há ainda mais, muito mais. As estrelas cadentes, essa recompensa para qualquer observador mais paciente, que todas noites rasgam os céus e nos trazem desejos de ver a próxima. As auroras boreais, esse mágico fenómeno apenas visível mais a norte, de uma imensidão incrível. Tive já oportunidade de observar várias auroras boreais na Finlândia. Desde as mais frequentes, com um padrão verde, até às mais raras vermelhas vivas. Um fenómeno incrível que o firmamento nos proporciona. O firmamento é um poço inesgotável a contemplar e eu gosto, gosto muito de ver, fruir e sonhar com o que está lá em cima no firmamento. 


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